Todos os anos, a história é a mesma. A diretoria das empresas aguarda, com ansiedade, os reajustes dos planos de saúde corporativos. O temor é também sempre o mesmo: valores altos, muitas vezes apontados como abusivos. Algumas companhias não pensam duas vezes em promover a troca de operadora, redução para planos inferiores ou até mesmo o simples cancelamento do benefício. Então uma coisa é certa: negociar é essencial.
Quem diz isso é Daniel Fontes, diretor da Adapta Gestão de Benefícios. “Muitos diretores, ao invés de dispensarem energia em negociar com as operadoras de planos de saúde com quem possuem parceria de longa data, estão tão assustados com os reajustes e estão pulando fora. Estão deixando relacionamentos duradouros por falta de acordos comerciais”, argumenta.
Fontes, porém, afirma que negociar é uma arte e exige habilidade. “É muito empenho técnico, é diferente de uma empresa ligar e barganhar. Com argumentos técnicos precisamos mostrar à companhia que a conta é viável.
Quando possui resultado muito abaixo do esperado em contrato, a operadora manda uma carta de cancelamento. Se não fez isso, existe uma luz no fim do túnel”, diz ele.
Índices de reajuste para planos de saúde corporativos
A previsão para o Brasil em 2024 é de um aumento médio de 14,1% nos planos de saúde corporativos, mantendo-se próximo aos 14,4% observados em 2023. O reajuste leva em consideração o índice técnico, que mede a proporção entre as despesas (sinistros) e a receita (prêmio/mensalidade) das operadoras de saúde em cada contrato ou no pool de risco para contratos PME’s. Por isso, o reajuste médio pode chegar a até 25% este ano, semelhante ao ocorrido no ano passado.
Um dos índices econômicos mais utilizados no Brasil para o cálculo da atualização monetária em geral é o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo – mede a variação média dos preços de bens e serviços consumidos pelas famílias brasileiras) e o IVDA (Índice de Valor das Despesas Assistenciais – analisa a variação dos custos de assistência à saúde, incluindo despesas com medicamentos, exames, consultas e internações) é utilizado pela ANS para o reajuste dos planos individuais.
Segundo Daniel Fontes, sete em cada dez negociações de clientes da Adapta com operadoras de planos de saúde corporativos têm como objetivo a redução dos índices de reajustes aplicados pelas companhias. “Em 70% dos casos conseguimos a redução, embasado com argumentos técnicos e comerciais”, afirma. “Por isso costumo dizer aos nossos clientes que o momento não é para trocas. O mercado está sofrendo pressões de todos os lados e por consequências mudanças estruturais, como ocorreu com a saída da Allianz, e a operação do plano de saúde está ficando com poucas companhias”, completa.
O cenário do mercado para 2025
Com a frequência de utilização dos serviços médicos retornando aos níveis e tendências anteriores à pandemia, os indicadores que registram os custos médicos estão se aproximando dos índices registrados antes desse período. As perspectivas para 2025 apontam para uma trajetória de alta nos custos e uma redução da quantidade operadoras, aumentando a importância de uma boa consultoria para as negociações de renovação dos contratos dos planos de saúde PME e Empresariais.
Fontes, alerta que muitas empresas, angustiadas com os altos reajustes, acabam por ceder aos oportunistas de mercado que oferecem simplesmente redução de valores sem avaliar as consequências para a empresa e colaboradores. “Infelizmente, muitos gestores estão tomando a decisão errada. Por reduções de 10% a 30% estão abrindo mão de analisar as demais condições contratuais que levam a grande elevação dos custos a médio e longo prazos e em muitas vezes com um produto que gera altos níveis de rejeição junto aos colaboradores. Vale à pena? O cliente tem a ilusão momentânea de ter resolvido a questão financeira, mas logo terá de mudar novamente. Ter um plano é uma coisa, investir em um benefício valorizado pelo colaborador é muito diferente”, compara.